ECOMONTADO XXI - A Agroecologia aplicada ao design do Montado Novo
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AcrónimoECOMONTADO XXI
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Fontes de financiamentoPDR 2020, Portugal 2020, FEADR
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Referência do ProjetoPDR2020-101-031149
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Período do projeto2017-2021
Associação dos Produtores Florestais do Concelho de Coruche e Limitrofes; Herdade Machoqueira do Grou Crl; Universidade de Évora
Os ecossistemas de montado (de sobreiro e de azinheira) representam cerca de um terço (33,9%) da área total de floresta em Portugal Continental em 2010 (IFN6,2013). A este ecossistema encontra-se associada uma das principais fileiras do setor agroalimentar nacional - a fileira da cortiça, na qual se tem vindo a manifestar uma gradual diminuição da qualidade e da quantidade de matéria-prima, com perda significativa de valor económico, social e ambiental. As perdas de vitalidade e de produtividade verificadas nos ecossistemas de montado, justificadas pela ocorrência de vários fatores, de entre os quais problemas fitossanitários e de desequilíbrios nutricionais do solo, são o resultado da fragilização generalizada do território, como consequência da implementação consecutiva de práticas agrícolas convencionais e de más opções de gestão, associadas ao irreversível efeito das alterações climáticas.
O grupo operacional que se propõe constituir identificou um problema concreto, observado em cerca de 120 ha geridos pela Sociedade Agrícola do Freixo do Meio,que é representativo da realidade da generalidade das áreas de montado em Portugal, onde o resultado dessas práticas se evidencia na perda de solo, na perda de biodiversidade e consequentemente na perda do ecossistema montado que aí perdurou durante anos. O trabalho a desenvolver pelo grupo operacional consiste na implementação de um novo processo ou prática de gestão florestal, com vista à recuperação do ecossistema montado.
Os problemas concretos e globais ao território continental que o grupo operacional visa responder são:
- A gestão e utilização ineficiente da água do solo;
- A gestão e utilização ineficiente da água do solo;
- A perda de solo e a inexistência de solo nas áreas de montado – desertificação(ambiental);
- A dinâmica evidenciada e agravada com os efeitos das alterações climáticas.
As técnicas de restauro dos ecossistemas resultantes dos conceitos da Permacultura e da Agroecologia, como é o caso do desenho da Keyline (“linha-chave”), surgem como uma solução para o problema generalizado de perca de solo e ineficiente aproveitamento da água verificado nas áreas de montado, enquanto medida de gestão integrada dos recursos existentes nos territórios agro-silvo-pastoris, nomeadamente, do solo e da água.O problema identificado gera então a oportunidade para implementar um novo método de restauro do solo, e consequentemente de todo o ecossistema, através do desenvolvimento de uma tecnologia inovadora diretamente relacionada com a gestão florestal sustentável e com a produção de produtos florestais (cortiça) com relevante importância nos territórios rurais onde os montados são dominantes.
O presente grupo operacional engloba-se num projeto conceptual de maior amplitude que visa a obtenção de respostas para o atual desconhecimento de soluções que garantam ocupações adequadas para várias áreas do país onde o montado foi no passado a solução mais equilibrada, visando a definição do modelo do montado do século XXI - ECOMONTADO XXI. Descritores: Montado; Floresta; Alteações Climáticas"
Face o problema identificado de perda de vitalidade do ecossistema montado econsequente perda de solo, generalizado nas áreas de montado do Alentejo, torna-se necessário integrar nas paisagens degradadas novas técnicas que visem o seu restauro natural, estudando o desenho das linhas naturais de escorrimento e de acumulação da água, assim como as curvas de nível do terreno, com vista à determinação do ponto-chave (Keypoint), ou seja, o ponto de inflexão entre a forma convexa e a forma côncava do terreno, a partir do qual se desenvolverão as linhas chave (Keyline), permitindo assim o desenho e a construção de linhas artificiais deencaminhamento da água (como represas, canais de desvio e de regadio).
Com o desenho de Keyline o resultado é um maior aproveitamento da água - a mesma água ue antes era desperdiçada por escorrimento e evaporação. Conjugando a esta técnica a instalação de plantas arbustivas e de árvores, fomentando-se o desenvolvimento das suas raízes, promove-se o desenvolvimento e a melhoria da estrutura e da fertilidade do solo, criando mais solo, estimulando o sequestro de CO2, enriquecendo a paisagem e incrementado a rentabilidade da atividade agro-silvopastoril dos territórios.
Os principais objetivos a atingir com a presente iniciativa visam assim o estabelecimento no terreno de conceitos teórico-práticos já existentes sobre a agroecologia e a permacultura aplicada ao montado, com vista ao restauro de áreas degradadas, integrando não apenas técnicas de gestão do solo mas também compreendendo critérios biológicos e racionais da paisagem, pelo estudo e desenho das Keyline específicas de cada território, assegurando que toda a água das chuvas que cai penetra no solo, retardando a sua evaporação, e fomentando a produção de terra fértil.
Os objetivos específicos a atingir são assim os seguintes:
- experimentação no terreno de novas técnicas e de abordagens inovadoras de restauro do solo e de aproveitamento da água com base no desenho em Keyline;
- aferição do impacto social, económico e ambiental das soluções implementadas;
- replicação dos resultados adquiridos, da experimentação realizada, para outros casos onde se identifique o mesmo problema;
- divulgação dos resultados e sua integração no modelo conceptual do ECOMONTADO XXI;
- divulgação da metodologia e bases conceptuais associadas às técnicas aplicadas no projeto.
Em curso