Quais os impactes das alterações climáticas nas florestas?
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Autor(es)Cristina Marques, Tânia Sofia Oliveira, Alexandre Gaspar, Ana Nery, Ana Quintela, Carlos Pascoal Neto, Carlos Valente, Catarina Gonçalves, Catarina Manta, Catarina Rebelo, Cláudio Teixeira, Daniela Ferreira, Filomena Henriques, João Ezequiel, João Melo Bandeira, José Luis Carvalho, José Vasques, Luís Machado, Luis Muñoz, Mariana Belo Oliveira, Mendes de Sousa, Nuno Borralho, Nuno Neto, Nuno Rico, Paula Guimarães, Paula Pinto, Pedro Costa Branco, Pedro Sarmento, Pedro Silva, Sérgio Fabres, Sérgio Maggiolli, Susana Morais e Susana Pereira
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Revista e nºFlorestas.pt
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Ano2022
O aumento da frequência e magnitude de fenómenos climáticos extremos são algumas das pressões que estão a afetar o Planeta, com consequências transversais ao nível social, económico e ambiental. Os impactes das alterações climáticas nas florestas são também de várias ordens:
1. Alteração da quantidade de água disponível: o aumento da temperatura e redução da precipitação impactam o ciclo hidrológico (taxas de evaporação e transpiração, disponibilidade de água subterrânea e humidade do solo, entre outros), com resultados variáveis de local para local.
2. Aumento do número e severidade dos fogos: a redução da humidade no solo e na vegetação e as condições climáticas extremas estão a contribuir para o aumento do número e da intensidade dos incêndios, alguns fora da época de verão.
3. Aumento do risco de pragas e doenças e da ameaça das espécies invasoras: organismos hoje considerados pouco relevantes podem tornar-se problemas fitossanitários, pela ocorrência de condições ambientais mais favoráveis ao seu desenvolvimento, ou pela debilitação do equilíbrio estabelecido, incluindo a ação de inimigos naturais. As novas condições podem ser propícias à instalação de espécies invasoras e/ou possibilitar a expansão de espécies exóticas e a sua transição para invasoras. Estes impactes das alterações climáticas nas florestas afetam a sua saúde e resiliência.
4. Redução da produtividade florestal: nas regiões onde o aumento de temperatura e a redução da precipitação são mais intensas, como é o caso da região mediterrânica, existe maior risco de redução da produtividade.
5. Alteração da área de distribuição potencial das plantas: com mais calor e menos água, a distribuição geográfica potencial das espécies vai alterar-se. Ao longo das últimas décadas, a distribuição geográfica de muitas plantas moveu-se em direção aos polos e em altitude. Com um aumento da temperatura média global de 1.5°C, 8% das plantas estarão em risco de ver reduzida a sua área de distribuição potencial em 50%, segundo o relatório especial do IPCC. Se o aumento for de 2°C, sobe para 16% o número de espécies de plantas que vê a sua área reduzida para metade.
6. Aumento da erosão do solo: a redução do coberto vegetal e consequente perda de raízes, tornam o solo menos resistente a chuvas e enxurradas, causando erosão e potenciais derrocadas, que reduzem a sua fertilidade.