Fonte: Observador
A carga emocional do discurso apocalíptico e as acções violentas dos que se manifestam pelo clima acaba por alimentar o ceticismo. Um ensaio de Miguel Miranda, ex-presidente do IPMA.
Multiplicam-se os sinais de radicalização social no que diz respeito ao clima. Alguns jovens partem do pressuposto de que a mudança climática é inexorável, e consideram que qualquer hesitação se traduz em tempo perdido e terá custos futuros desproporcionados e trágicos. A carga emocional traduz-se num discurso apocalíptico com visibilidade mediática, por vezes acompanhado por ações de alguma violência. Este sentido de urgência não é socialmente consensual, alimenta indiretamente o ceticismo, e urge reencontrar um novo acordo que nos permita ultrapassar com sucesso as grandes transformações que se aproximam.
Existe base científica que suporte o discurso apocalíptico? Donde provém a evidência que temos da mudança climática, dos mecanismos que a alimentam e da sua inexorabilidade? A base científica da relação entre a concentração de CO2 e a temperatura da atmosfera tem mais de cento e vinte anos, mas esse efeito não foi percetível ao longo de quase todo o século XX, confundindo-se com a variabilidade natural do clima. A evidência começou a ser construída a partir de três fontes: as projeções de modelos numéricos do clima, as paleotemperaturas reconstruídas a partir de registos geológicos ou biológicos, e o registo instrumental da temperatura do ar na superfície, em terra e no mar.
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